
Há de concordar que, entre as sequelas que persistem desde os tempos de colônia, um racismo cínico e não declarado, diferenças sociais expressivas e uma administração débil são pontos tão mencionados que se tornam batidos. Portanto, a "novidade" aqui é a abordagem de um fator especificamente do campo cultural e oriundo, ao menos em parte, das influências de outras nações sobre nossa cultura. De todos os aspectos negativos remanescentes do período colonial, a meu ver, o pior, mais sutil e menos palpável. A partir do momento que o Brasil foi declarado descoberto, uma série de influências estrangeiras se desencadearam. Não apenas de Portugal, mas de tantos outros como Inglaterra, Estados Unidos, França etc. Sim, há influências e influências. Mas não tenho interesse agora em relatar as boas. Direcionarei às más. Lusitanos, britânicos e estadunidenses, entre todos, acredito eu, foram os que mais puxaram o nosso tapete ao longo da História. Não vou citar episódios específicos, porque isso renderia demais. Que importa mesmo é analisar uma determinada atual condição cultural dentro do contexto das interferências exteriores. A verdade é que os brasileiros somos um povo acostumado à opressão. Sim, de fato, somos. Os homens são seres que se adaptam e, por vezes, até demais. O demais, no caso, é se acostumar. É triste, mas até mesmo com o que é ruim, acostuma-se. A opressão é uma forma sinistra de violência e está tão intrínseca em nossas mentes que, por vezes, passa despercebida. Como o racismo, ela é uma ideologia não declarada, entretanto operante. E põe operante nisso. É terrível, meus caros. Não quero ser dramático. Mas diante de tal realidade, que postura poderia eu assumir? De descaso? Essa é a que a maioria de nós assume. E por isso é que, o que está aí, é "isso mesmo e não muda nada." Impunidade, descaso social, justiça falha, corrupção e por aí, vamos. Quanto à corrupção aqui no Brasil, certa vez, disseram-me que os que não roubam são apenas aqueles que ainda não tiveram oportunidade de fazê-lo. Adianto-lhes. Não acredito nisso, não me incluo nesse contexto, não quero ser passivo diante de toda essa opressão e fazer pacto com a cultura do conformismo. Penso que é exatamente diante de situações como essa em que "esperar não é saber." E quanto a você?