sexta-feira, 24 de julho de 2009

A questão é cultural


Há de concordar que, entre as sequelas que persistem desde os tempos de colônia, um racismo cínico e não declarado, diferenças sociais expressivas e uma administração débil são pontos tão mencionados que se tornam batidos. Portanto, a "novidade" aqui é a abordagem de um fator especificamente do campo cultural e oriundo, ao menos em parte, das influências de outras nações sobre nossa cultura. De todos os aspectos negativos remanescentes do período colonial, a meu ver, o pior, mais sutil e menos palpável. A partir do momento que o Brasil foi declarado descoberto, uma série de influências estrangeiras se desencadearam. Não apenas de Portugal, mas de tantos outros como Inglaterra, Estados Unidos, França etc. Sim, há influências e influências. Mas não tenho interesse agora em relatar as boas. Direcionarei às más. Lusitanos, britânicos e estadunidenses, entre todos, acredito eu, foram os que mais puxaram o nosso tapete ao longo da História. Não vou citar episódios específicos, porque isso renderia demais. Que importa mesmo é analisar uma determinada atual condição cultural dentro do contexto das interferências exteriores. A verdade é que os brasileiros somos um povo acostumado à opressão. Sim, de fato, somos. Os homens são seres que se adaptam e, por vezes, até demais. O demais, no caso, é se acostumar. É triste, mas até mesmo com o que é ruim, acostuma-se. A opressão é uma forma sinistra de violência e está tão intrínseca em nossas mentes que, por vezes, passa despercebida. Como o racismo, ela é uma ideologia não declarada, entretanto operante. E põe operante nisso. É terrível, meus caros. Não quero ser dramático. Mas diante de tal realidade, que postura poderia eu assumir? De descaso? Essa é a que a maioria de nós assume. E por isso é que, o que está aí, é "isso mesmo e não muda nada." Impunidade, descaso social, justiça falha, corrupção e por aí, vamos. Quanto à corrupção aqui no Brasil, certa vez, disseram-me que os que não roubam são apenas aqueles que ainda não tiveram oportunidade de fazê-lo. Adianto-lhes. Não acredito nisso, não me incluo nesse contexto, não quero ser passivo diante de toda essa opressão e fazer pacto com a cultura do conformismo. Penso que é exatamente diante de situações como essa em que "esperar não é saber." E quanto a você?

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Sinestesia



É no passo sutil da dança
E que doce fragrância
Olhos que se cruzam e se desejam
Ao ritmo da música, almejam
E por fim, eis que falam por si, se beijam
Organoléptico em plena sinestesia
Isso sim é poesia

sábado, 4 de julho de 2009

Reflexão da madrugada


Já pensou na ideia de que quando se está sob desgraça iminente todos se unem? Entretanto quando está tudo aparentemente bem é quando mais surgem brigas e divergências entre as pessoas. Suponha-se que um corpo celeste cujo raio é a metade do respectivo ao Planeta Terra esteja em rota de colisão. Diante do previsto, algo bem provável de se ver, por aqui, seria todos reunidos de mãos dadas, juras de amor e até mesmo uma solenidade à vida pra fechar com chave de ouro. É triste. Por que somos tão ignorantes, estúpidos e primatas? Ops! Primatas não. Esses carismáticos mamíferos não destroem a natureza, não se tornam políticos corruptos e muito menos produzem bombas nucleares para ameaçar seus semelhantes. Talvez o conflito da coexistência de um instinto reprimido e de uma razão um tanto evoluída tenha a ver com isso. Sabe-se lá. A verdade é que vamos errar. Errar como antes erraram e como lá, na frente, irão errar. Trágico? Nem tanto. Que vale a pena mesmo é tentar acertar. Experimente.